sábado, 17 de maio de 2014

Seqüência 14 – EXT. – CAMPO ABERTO – NOITE



JORGE TADEU, LAGARTO, ENTRESPINHOS, O CORDEIRENSE-GENTE-BOA e SURIQUITO estão sentados ao redor de uma fogueira. As sombras deles no fundo, sobre o barranco, é falsa – como um kabuki, um teatro de bonecos que, nas sombras passam por várias aventuras, enquanto os cinco acendem e repassam baseados apagados e babados.

        JORGE TADEU
Parei de usar sorine cheirando maconha.

        ENTRESPINHOS
Cumequié unegoci?

        JORGE TADEU
A fumaça, lógico.

        O CORDEIRENSE-GENTE-BOA
Ah, a fumaça, pô. Ele tá fumando pelo nariz e fala assim, todo normal, igual que tivesse fazendo anúncio no intervalo do Domingo Legal. Falando nisso, mas sabendo que não tem nada a ver, você viu a roupa nova do Batman?

        LAGARTO
Que Batman que nada, aquilo é uma bichona! E tem mais um negócio, cês viram que ta dando merda na Rússia, né? Cês tem que se ligar, que o bicho vai pegar, o cachorro vai sacudir os pelos e...

        SURIQUITO
E você vai calar a boca, caralho. Deixa o cara explicar ali, que eu fiquei curioso com esse negócio de cheirar maconha.

        O CORDEIRENSE-GENTE-BOA
Não, ele ta falando como se fosse um método pras pessoas largarem o vício.

        JORGE TADEU
Não tôu falando nada disso, seu cordeirense viado.

        O CORDEIRENSE-GENTE-BOA
Que porra é essa, hein?

        ENTRESPINHOS
Não, depois cêdiz qporraéssa, agorexplicaonegócio da maconhpelo nariz.

        LAGARTO
Não, pêra, que antes eu tenho uma fofoca.

       ENTRESPINHOS
Aicaralho. Não podesperar?


        LAGARTO
Não, que eu tô chapado e vou me esquecer.

        JORGE TADEU
Ta, então conta que eu fiquei curioso.

        SURIQUITO
E se não for pra falar de coisa ruim, igual essas maluquices que você e Coelho ficam falando de zumbi e essas porras.

        LAGARTO
Pois é muito mais estranho, maluco. Eu fui a Friburgo almoçar com um padre ai, entregar a salada pra ele e tal. E fui de ônibus, né? No sapatinho. Quando voltei, uma mulher grandona sentou atrás de mim, eu vi ela passando enquanto entrava, sabe? Tum, tum, tum. Coisa de doido. E aí, no meio da viagem, do nada, me bate no ombro

 (tudo isto pode ser representado pelas sombras)

“Você não é Romerinssuriquitoooo?”, ela me perguntou. E eu olhei pra trás, ouvindo aquela voz grossa, e vi uns lábio inchado e uns peitos que não eram peitos e... porra, bicho, era o Robertinssilvêra. Tra-ve-cô!

        ENTRESPINHOS
Agora que aquele Pernalonga vai comer pra valer.

Todo mundo cai na gargalhada. Jorge Tadeu tira o baseado da boca e rasga a piteira, que fica colada no lábio. Ele pega o papel e joga o beque na fogueira pro espanto de todos, inclusive ele mesmo. Lagarto saca outro baseado.
Parecia o paraíso. E ninguém lembrou que a história de Jorge Tadeu tinha ficado sem fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário