terça-feira, 20 de maio de 2014

Seqüência 15.3 -



            Inerente a situações esquisitas das quais experiência e sorte sempre lhe propiciavam uma saída milagrosa, Dario não se importou de acompanhar aquele estranho maltrapilho com cara de quem nãotomava um banho há alguns dias. Parecia-lhe muito simples que ao chegar numa cidade onde não conhecia ninguém, logo se afeiçoasse por alguma figura perdida e carente que, em troca da companhia, só lhe pediria as orelhas brevemente emprestadas. Diabos, pelo menos não teria que pagar hospedagem.

            ...e de fato não era o verão de 87, que ele não tinha passado pelo Verão da Lata nem nada, ele sempre mencionaria isso em conversas, lamentando a ausência de uma maconha como aquela em sua formação, ao passo que Pernalonga chegou a falar de que ele sim já era um maconheiro velho e que bem era capaz de reconhecer outro, e foi por isso, também, que acabou convidando o outro para vir até sua casa e foi logo falando, espalhafatoso e cheio de marra que era maconheiro velho, que tinha fumado da Lata, e fazia e acontecia, e Dario já começava a se perguntar se aquilo não ia dar em merda, que bem podia ver na linguagem corporal do outro que era um sujeito problemático, e já estava para declinar do convite, quando, a toda, um Gol passou pelos dois, deu uma freada brusca seguida de ré, e parou ao lado de Pernalonga. A janela se abriu e do interior do veículo surgiu uma mão negra, indicador para frente e polegar para o alto.
            - PAU!
            Estalidou o motorista.
            Dario carregava uma mochila e uma bolsa atravessada no ombro, foi esta que ele abraçou, nervoso, enquanto o ocupante do veículo punha a cabeça pra fora, na direção de Pernalonga, que se abaixava para falar com ele.


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