Dario e Pernalonga não conseguiram uma carona, mas este queria chegar
cedo em casa e aquele não tinha muita opção, e os dois preferiram fazer todo o
caminho a pé, no meio da madrugada, sem nem uma lua cheia a lhes fazer luz;
experiência assombrosa a de passarem em silêncio quase insano no meio de um
bananal, a toda hora surpreendidos por morcegos que roçavam suas asas na cabeça
dos dois.
-*-
Você
é um monstro. Onde está a sua palavra? Fala, seu covarde. Uma vez que seja,
fale logo o que há de errado contigo. O que há de errado para você continuar a
se afundar desse jeito? Por que eu não consigo tirar você dos meus sonhos?
Todos os dias, não importa a hora, lá estou eu esfregando os olhos, tirando a
areia e você da minha vista. Mas eu não te amo, seu cretino. Eu não sou capaz
de dispensar nenhum sentimento bom no que se refere a você. Alias, eu espero
mesmo que você encontre algo de bom em sua vida, porque certamente ainda não há
nada para se orgulhar por aí, não estou certa? Vê?, vê como me contradigo? Você
me confunde, me transforma numa bolha de ambivalência emocional, inacessível
aos outros, focada apenas em você, planejando formas de te ferir. Eu te odeio.
Pernalonga continuava sem saber de
quem era a voz no telefone.
Mas sabia que ela estava puta da
vida.
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